Por Fabíola Castro
Há exatamente uma semana foi beatificada em Barbacena (MG), no Campo das Vertentes, a jovem Isabel Cristina, que foi assassinada em Juiz de Fora, aos 20 anos, em 1982, por um homem que tentou violentá-la enquanto montava um guarda-roupa em seu apartamento. A violência ocorrida há 40 anos com a jovem, acontece ainda hoje com tantas mulheres.
De acordo com dados mais recentes da Polícia Civil, enviados à Rádio Catedral, somente em Juiz de Fora, foram seis casos de feminicídio em 2021 e também seis casos neste ano de 2022, somando 12 crimes entre tentativas e consumados nesses últimos dois anos.
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"Um não que a Igreja pronuncia ao feminicídio”
Durante a coletiva de imprensa que reuniu os bispos presentes na cerimônia de beatificação de Isabel Cristina, o Arcebispo Emérito de Mariana (MG), Dom Geraldo Lyrio Rocha, afirmou que este é “um grito profético da Igreja (...) é um não que a Igreja pronuncia ao feminicídio”.
Em sua homilia, o presidente da Celebração, Cardeal Raymundo Damasceno Assis, Arcebispo Emérito de Aparecida (SP), também refletiu sobre a violência sofrida pelas mulheres e disse que “O martírio de Isabel Cristina nos leva também a pedir a Deus a graça de que as mulheres sejam respeitadas em sua dignidade; que cessem a exploração e os crimes sexuais contra as mulheres; que cesse o feminicídio! Não tenhamos medo de romper as cadeias da violência e da opressão”, pediu o religioso.
"Um pedacinho do Céu"
Entre as mais de 10 mil pessoas presentes na cerimônia de beatificação de Isabel Cristina, estavam pessoas que conviveram com ela, familiares, amigos e aquelas que ao tomarem conhecimento de sua história e sua vida dedicada a Deus passaram a tê-la como exemplo, como intercessora.
Edineia Maria Mrad de Oliveira, prima da Beata, expressou o seu sentimento pela beatificação.
Dos muitos testemunhos de pessoas que já recorriam à intercessão da agora Beata Isabel Cristina está Sônia Meireles, da cidade de Ouro Branco (MG). Ela contou que a família se apegou à jovem Serva de Deus quando sua netinha nasceu prematura, há 13 anos.
Dagmar Sofia Cardoso de Medeiros é moradora de Barbacena, conterrânea da Beata, e seus familiares tiveram a oportunidade de conviver com a família de Isabel Cristina. Ela disse que participar da cerimônia de beatificação foi como estar num "pedacinho do céu".
O devoto Pedro Paulo de Medeiros Filho também morador de Barbacena destacou que o exemplo da Beata vem dizer a cada pessoa que na sua simplicidade e amor a Deus a santidade é possível a todos.
A jovem Virgem Consagrada da Arquidiocese de Juiz de Fora, Marcela Kamiroski, participou da celebração de beatificação e falou sobre o exemplo de Isabel Cristina e a forma como ela viveu, reforçando que a santidade de Isabel Cristina aproxima essa possibilidade, esse estilo de vida de cada um que se propõe a seguir a Deus fielmente na sua vida cotidiana.
Memorial Isabel Cristina
No mesmo fim de semana da cerimônia de beatificação, no domingo, 11 de dezembro, a urna com os restos mortais da Beata Isabel Cristina foram transladados em procissão de um túmulo dentro do Santuário Nossa Senhora da Piedade, em Barbacena, para a Capela dos Sagrados Corações de Jesus e Maria, onde permanecerão.
A Capela recebeu um altar dedicado à nova Beata que foi abençoado pelo Arcebispo Metropolitano de Mariana, Dom Airton José dos Santos e, onde foram depositadas as suas relíquias. Em seguida, os presentes participaram do ato solene de inauguração do Memorial dedicado à Beata Isabel Cristina.
“Nunca desista diante de dificuldades que a vida nos fornece às vezes”. Essa frase da Beata está estampada na parede de vidro da entrada do Memorial, que está aberto à visitação desde o último domingo, 11 de dezembro, em Barbacena (MG). O espaço foi inaugurado pela Arquidiocese de Mariana, em comunhão com a Paróquia Nossa Senhora da Piedade.
O Memorial Isabel Cristina traz a trajetória de vida e religiosa da Beata, por meio de fotos, recortes de jornais, cartas, roupas, registros escolares e objetos que estavam há 40 anos sob a guarda da Paróquia da Nossa Senhora da Piedade.
Segundo a assessoria da Arquidiocese de Mariana (MG), a montagem e a organização desse espaço foi realizada pela aposentada e devota, Ana Lúcia Monteiro Oliveira, e pelo jornalista e também devoto, Márcio Cleber da Silva Costa, sob a coordenação do Diretor do Memorial, o Diácono Antônio Rodrigues do Prado, que realizaram a leitura de livros e documentos sobre história de Isabel Cristina e cuidaram de cada detalhe para que as lembranças e características da jovem fossem contadas.
Um dos destaques do Memorial são os painéis com matérias jornalísticas publicadas ao longo dos anos, desde o assassinato de Isabel Cristina ao processo de beatificação. Conforme o jornalista Márcio Cleber, ele fez questão de destacar no espaço todas as reportagens que detalham o “processo jurídico, daquele que provocou a tragédia” e também a primeira reportagem com Padre Geraldo Cifani, que já cogitava o estudo para Isabel Cristina ser santa. A partir do momento que ele cogitou e divulgou, não parou-se mais o estudo e hoje nós temos a Beata Isabel Cristina”, ressaltou o jornalista.
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*Com informações do site da Arquidiocese de Mariana.
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