Por Roberta Oliveira
No dia 23 de junho de 1921, Alfredo Ferreira Lage abriu oficialmente o primeiro museu de Minas Gerais e o batizou em homenagem ao pai, Mariano Procópio.
Neste ano, além da programação especial para comemorar o aniversário, a instituição em Juiz de Fora recebeu nesta semana a visita do Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira.
Leia também:
Dom Gil Antônio Moreira realizou uma celebração e bênção na Galeria Maria Amália no Prédio Anexo na segunda-feira, dia 20. Em entrevista à WebTV A Voz Católica, o Arcebispo falou sobre este momento de agradecimento.
O Arcebispo Metropolitano, Dom Gil Antônio Moreira, ressaltou a importância do Museu como uma demonstração dos dons que Deus presenteia aos seres humanos.
A vice-presidente do Conselho dos Amigos do Museu, Flávia Loures, falou das expectativas para a reabertura total da instituição.
O conselheiro Luiz César Falabella apontou que o Mariano Procópio precisa da união para voltar a estar totalmente aberto para o público.
Após a celebração e a bênção, Dom Gil Antônio Moreira e as pessoas presentes fizeram uma breve visita guiada no Prédio Anexo e na Villa Ferreira Lage, o chamado "Castelinho".
História do Museu Mariano Procópio*
Símbolo da memória do Brasil, o Museu Mariano Procópio é resultado da obstinação do colecionador Alfredo Ferreira Lage (1865-1944), que dedicou sua vida à formação de um dos mais significativos acervos artísticos, históricos e de ciências naturais.
Aberto à visitação em 1915 como museu particular, o Museu Mariano Procópio só foi oficialmente inaugurado no dia 23 de junho de 1921. A data foi especialmente escolhida por seu fundador para celebrar o centenário de nascimento de seu pai, o comendador Mariano Procópio Ferreira Lage (1821- 1872), idealizador e empreendedor da primeira estrada de rodagem macadamizada do Brasil, a “União e Indústria”, ligando Petrópolis a Juiz de Fora, que foi inaugurada no ano de 1861, também no dia 23 de junho, com a presença do imperador Pedro II e sua família, de importantes políticos e convidados da corte.
Inicialmente o Museu ocupou a sede da chácara, hoje denominada Villa Ferreira Lage, erguida por Mariano Procópio no alto de uma colina, revelando-se uma obra de arte em estilo neorrenascentista, cujo projeto é de autoria do arquiteto alemão Carlos Augusto Gambs.
Quanto ao parque, que valoriza a flora exótica e brasileira, é atribuído ao francês Auguste François Marie Glaziou, conhecido por outros importantes projetos de jardins brasileiros, entre os quais o Parque de Santana, o Passeio Público e a Quinta da Boa Vista, no Rio de Janeiro. O naturalista suíço Jean Louis Rodolphe Agassiz (1807-1873) surpreendeu-se em sua visita e disse que a chácara de Mariano Procópio se tornaria o “Paraíso dos Trópicos”, como relatou em seu livro Viagem ao Brasil – 1865 – 1866.
A ampliação do acervo de Alfredo Ferreira Lage levou à construção de um prédio anexo, a galeria de Belas-Artes, inaugurada em 13 de maio de 1922. Trata-se da primeira edificação brasileira construída com finalidade de ser museu. O planejamento de arte, onde se destacam o lanternim e a claraboia, é de Rodolpho Bernardelli.
Como havia anunciado em 1921, Alfredo Ferreira Lage formalizou a doação do Museu, acervo e parque ao Município, sem nada exigir para si, nem para seus herdeiros, em 29 de fevereiro de 1936. Para o fiel cumprimento da doação, criou o Conselho de Amigos do Museu Mariano Procópio, que vem atuando como guardião da instituição e que é responsável pela indicação do diretor, através de lista tríplice enviada para escolha do prefeito.
O acervo, constituído de objetos valor histórico, artístico e científico, faz do Museu Mariano Procópio um dos mais importantes núcleos de saber do país. Trata-se de uma coleção nacional e de relevância internacional, entre pinturas, esculturas, gravuras, desenhos, livros raros, documentos, fotografias, mobiliário, prataria, armaria, numismática, cartofilia, indumentária, porcelanas, cristais e peças de História Natural.
Obras de expoentes da pintura europeia, como os franceses Charles François Daubigny (1817-1878) e Jean Honoré Fragonard (1732-1806) e o holandês Willem Roelofs (1822-1897), são destaques no acervo, ao lado de trabalhos de brasileiros como Pedro Américo de Figueiredo e Melo (1843-1905), Rodolfo Amoedo (1857-1941) e Belmiro de Almeida (1858-1935). Esculturas e moldes de gesso, principalmente do século XIX, também projetam o acervo, reunindo obras de artistas como Clodion, Marius Jean Mercié, Rodolfo Bernardelli, Modestino Kanto e José Otávio Correia Lima.
O Império brasileiro é um dos destaques do acervo. Os trajes da coroação, da maioridade e do casamento de D. Pedro II e o traje de corte da Princesa Isabel estão entre as mais significativas peças da indumentária da instituição. O acervo de mobiliário é considerado um dos mais importantes do país, destacando-se pela coleção de peças a partir do século XVI até o século XIX, estas, em grande parte, provenientes do Palácio de São Cristóvão, no Rio de Janeiro.
As significativas doações da Viscondessa de Cavalcanti (1853-1946) se destacam no acervo nas mais diversas categorias, entre as quais a numismática, reunindo desde moedas greco-romanas a raras medalhas europeias. O Museu Mariano Procópio guarda, ainda, parte da história da armaria, com destaque para um punhal do século XVI, com bainha em marfim, veludo e aço, que pertenceu ao Rei Francisco I (1515-1547), da França, e um Polvorinho de marfim, do rei Augusto Sigismundo II (1548-1572), da Polônia
*Fonte: Site da Prefeitura de Juiz de Fora
Comments