Brasil tem um dos maiores programas de transplante público do mundo, mas, para que esses transplantes sejam feitos é preciso que haja doação de órgãos. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 50 mil brasileiros aguardam na fila do transplante de órgãos.
Por Fabíola Castro
A Campanha Setembro Verde é promovida pela Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), para destacar e conscientizar da importância da doação de órgãos. Alguns órgãos podem ser doados em vida, como rim e fígado. Outros dependem do diagnóstico de morte cerebral e de autorização da família e nesse caso um único doador pode salvar diversas vidas.
No programa público brasileiro de transplante de órgãos, de tecidos e de células por meio do SUS – Sistema Único de Saúde os pacientes recebem assistência integral gratuita.
O coordenador do serviço de transplantes da Santa Casa de Juiz de Fora e também presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos, o nefrologista Dr. Gustavo Fernandes Ferreira, em entrevista para o quadro "Bendita Saúde" desta terça-feira, 5, destacou a importância da doação de órgãos e do programa de transplantes.
Confira:
Setembro é o mês da doação de órgãos, do incentivo a esse gesto que salva vidas, que devolve a qualidade de vida e a saúde Para quem recebe. Qual a importância dessa conscientização?
Diante disso é importante que falar sobre o desejo de ser um doador de órgãos, principalmente em família?
Quais são os critérios para se obter a doação e quais órgãos podem ser doados?
Além disso, a doação pode ser também de uma pessoa viva ara o paciente que necessita?
O SUS – Sistema Único de Saúde é um dos maiores sistemas de transplantes de órgãos?
E a fila de transplantes como funciona? Ela hoje é muito grande?
E o órgão doado para um paciente que está na lista de espera ele pode vir de qualquer lugar, independente de onde, de qual região esteja o paciente na lista de espera? E o receptor do órgão tem acesso aos dados, nome de quem está doando?
Santa Casa de Juiz de Fora é referência na região e para outros estados com o seu programa de transplantes
Falando dos 40 anos da realização deses procedimento no hospital qual avaliação o senhor faz desse programa?
E daqui para frente, qual a expectativa quanto à realização dos transplantes?
E para que os transplantes aconteçam para quem precisa é necessário haja a doação de órgãos, por isso, sempre relevante reforçar essa consciência em todas as pessoas?
40 anos depois, irmãs transplantadas
Na Santa Casa de Juiz de Fora, há 40 anos foi realizado o primeiro transplante de órgão. O procedimento aconteceu com a doação de rim por uma paciente viva e a cirurgia aconteceu entre duas irmãs que hoje quatro décadas depois estão bem e puderam contar sobre esse acontecimento que devolveu a saúde e qualidade de vida para uma delas e possibilitou o gesto de doação para a outra.
A paciente receptora é a Osmarina das Graças Riani de Oliveira que está hoje com 75 anos. Ela conta desse processo pelo qual passou.
Quando olha esse tempo que passou, como avalia?
A irmã que doou o rim, a Olga Riane, hoje com 85 anos, fala da alegria de poder realizar esse gesto da doação e destacou a atitude que salva vidas e devolve a saúde para quem precisa.
Em Juiz de Fora, a Santa Casa possui os programas de transplante renal, de pâncreas e fígado ativos. O hospital recebe pacientes provenientes de 105 cidades dos Estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro, Espírito Santo e São Paulo.
Há 22 anos, rim novo, vida nova sem hemodiálise
O Antônio Vanderlei é da cidade de São João Del-Rei (MG), teve o rim transplantado há 22 anos, em 2001, e contou que esperou na fila por dois anos e meio, um período difícil que requer também aceitação e disciplina nos cuidados por parte do paciente até que o procedimento possa de fato ser feito. Ele diz ainda que hoje leva uma vida normal.
Já o Valdir Dias, de 56 anos, é da cidade de Pinheiral (RJ) e está na fila à espera de um rim para que possa realizar o transplante.
São depoimentos importantes que nos mostram essa mesma relevância da doação de órgãos seja na disponibilidade e compatibilidade de pacientes vivos ou quando esses órgãos vêm de um paciente em morte cerebral. A doação só é feita se houver morte encefálica, um processo absolutamente irreversível.
Como destacou o coordenador do serviço de transplantes da Santa Casa de Juiz de Fora e também presidente da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), o nefrologista Dr. Gustavo Fernandes Ferreira, na entrevista, somente no Brasil são 37 mil pessoas aguardando por um rim na fila. Segundo o Ministério da Saúde, mais de 50 mil brasileiros brasileiros aguardam na fila do transplante de órgãos. A maioria está à espera de um rim e o transplante de córnea é o segundo com maior número de pacientes na lista.
Em Minas Gerais, por meio do Sistema Nacional de Transplantes, o MG Transplantes é responsável por monitorar a lista única de transplantes de órgãos e tecidos no estado.
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