Morro do Cristo: o pioneirismo de Juiz de Fora em homenagear o Redentor no Brasil
- Radio Catedral
- 31 de mai. de 2022
- 3 min de leitura
Atualizado: 1 de jun. de 2022
Por Roberta Oliveira

No dia do aniversário de Juiz de Fora, a gente olha para o alto e vê o Cristo Redentor. E você sabia que este foi o primeiro monumento consagrado ao Cristo do país?
Sim, foi construído antes do Rio de Janeiro, que chegou ao centenário de início da obra em 2021. Enquanto isso, a homenagem juiz-forana está lá há 115, quase 116, dos 172 anos que Juiz de Fora completa neste 31 de maio.
O monumento, que pode ser observado de diferentes pontos do município, mudou o nome do local, que antes era "do Imperador", numa referência à visita de Dom Pedro II em 1861. O morro tem mais de 900 metros de altitude, proporcionando vista panorâmica da região central de Juiz de Fora.
Pioneirismo de devotos em um momento de transição do Catolicismo no Brasil
Para saber mais sobre ele, conversamos com a professora Mabel Salgado Pereira, da UniAcademia, que escreveu o livro "100 anos - 1º Cristo Redentor do Brasil: tradição e reinvenção católica", publicado em 2006. Primeiro, é necessário entender o contexto do Brasil na transição dos séculos XIX para o XX para saber como surgiu a ideia.
Segundo a professora, o papa Leão XIII, governante da igreja entre 1878 e 1903, foi o responsável por difundir a devoção a uma nova representação do Cristo, como Redento

Da Cruz ao primeiro monumento ao Cristo no Brasil
A professora Mabel Salgado Pereira explicou que, em Juiz de Fora, um grupo de devotos católicos teve a ideia da construção do monumento, que enfrentou contratempos. Ela fala sobre a escolha do Cristo Redentor para ficar neste ponto de referência da cidade.
Muitas pessoas associam o pioneirismo da homenagem ao Cristo à cidade do Rio de Janeiro. No entanto, o primeiro monumento no Brasil é o de Juiz de Fora, como explica a professora Mabel Salgado Pereira.
A obra teve início em maio de 1905 e concluída em novembro do mesmo ano. A inauguração foi em julho do ano seguinte. E uma curiosidade: o nome oficial do morro é Morro do Redentor, mas muitos juiz-foranos preferem mesmo chamar de Morro do Cristo.
É a cidade aclamada, Do trabalho e da instrução, É do Cristo abençoada Sob o sol da religião.
Trecho do Hino de Juiz de Fora

Do"Imperador" ao "Cristo"
Os registros da obra do monumento ao Cristo Redentor estão no Arquivo Histórico do Museu Mariano Procópio.
A instituição já destacou em uma publicação de "A Peça da Semana" nas redes sociais, a imagem do projeto da elaboração e execução da obra, que foram conduzidas pela Companhia “Pantaleone Arcuri & Spinelli”. Era uma das construtoras mais importantes da cidade, responsável pela edificação de imóveis que caracterizam a paisagem de Juiz de Fora, como o Cine-Teatro Central.
O monumento possui 25 metros de altura. A imagem, com 3,75 metros, foi importada da Maison Raffe, de Paris. Sua inauguração colocou Juiz de Fora na vanguarda da representação do Cristo Redentor em monumentos públicos.
O projeto do monumento, documento importante para a memória e história da cidade, foi doado ao Museu “Mariano Procópio” pelos filhos de Pantaleone Arcuri em 1967.
Segundo a historiadora da Fundação Museu Mariano Procópio, Rosane Carmanini Ferraz, as fotos também pertencem ao acervo da Empresa Pantaleone Arcuri e foram doadas para o acervo do Museu por Arthur Arcuri, diretor da Instituição entre os anos de 1983 e 1997.

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