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  • Foto do escritorRadio Catedral

O Sacerdócio de Cristo na Igreja



Neste mês de agosto, dedicado às vocações, já ordenamos três sacerdotes e, nos próximos dias, mais dois jovens receberão o Segundo Grau do Sacramento da Ordem. Entretanto, cabe-nos lembrar que há somente um sacerdote na Igreja: é Cristo.


Pela bondade, pela misericórdia, pelo amor que tem à Igreja, Ele escolhe e envia apóstolos para fazer o que Ele mesmo deveria fazer, como nos afirma São Marcos: Jesus subiu a montanha, chamou os que ele quis e eles foram para perto dele. Então escolheu doze homens para ficarem com ele e serem enviados para anunciar o evangelho (Mc 3, 13-14). Também escolheu e enviou setenta e dois discípulos, como podemos ler no evangelho de São Lucas: O Senhor escolheu outros setenta e dois discípulos e enviou-os, dois a dois, à sua frente a toda cidade e lugar para onde ele mesmo devia ir (Lc 10, 1). Ao enviá-los, dá-lhes não apenas a ordem de pregar a Palavra, mas lhes confere poderes que são seus, poderes divinos sobre o mal, o veneno e os perigos. Só Ele poderia conferir a seres humanos tais prerrogativas.


Quando celebra a Páscoa, às vésperas de Sua morte, dá aos Apóstolos a ordem de realizar o que Ele próprio realizou sacramentalmente, ou seja, a Sagrada Eucaristia que instituiu naquela ceia derradeira, dizendo: Tomai e comei, isto é o meu corpo que será dado por vós… tomai e bebei, este é o cálice de meu sangue que será derramado por vós (cf Mt 26, 26-28). Eis o fundamento bíblico do Sacramento da Eucaristia. Também disse: Fazei isto em memória de mim (Lc 22,19). Eis o fundamento bíblico do Sacramento da Ordem. Após a ressurreição, no primeiro dia da semana, ele dá aos Apóstolos o poder de perdoar pecados, dizendo: Recebei o Espírito Santo; a quem perdoardes os pecados eles serão perdoados e aqueles que retiverdes serão retidos (Jo 20, 22). Eis o fundamento bíblico do Sacramento da Penitência.


É, portanto, o próprio Cristo que faz com que, pela Igreja, Seu Corpo Místico, novos discípulos Seus sejam escolhidos e enviados para exercer o sacerdócio que é d’Ele, por todos os lugares e por todos os tempos. Desta forma, a plenitude do sacerdócio de Cristo se realiza nos seus apóstolos. Os presbíteros, por sua vez, são colaboradores dos bispos, legítimos sucessores dos apóstolos. É bom recordar que nem os apóstolos, nem os presbíteros são sucessores de Cristo. Cristo não tem sucessores. Ele é único. São, contudo, pelo próprio desejo de Cristo, continuadores, atualizadores da Sua obra na Terra. São aqueles que realizam, durante a história, a missão de santificar, atualizando, em contínuo ato, a obra salvífica de Cristo. Na liturgia, o ministro ordenado age in persona Christi. Odo Casel, um dos maiores liturgos do século XX, ensina que A liturgia é a ação de Cristo na Igreja.


O Sacramento da Ordem é um ato de Cristo. É o Espírito Santo que vai agir no ordenando, no momento sacramental e daí para frente, em todo o correr da sua vida. Por isso, a Igreja ensina que o sacerdote é alter christus, um ‘outro Cristo’. É a presença visível de Cristo na vida da Igreja.


Dom Gil Antônio Moreira Arcebispo Metropolitano de Juiz de Fora

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